sábado, 27 de dezembro de 2008

terça-feira, 1 de julho de 2008

Sopro

Há, numa parte da essência que me compõe, algo que não pode ser dito pelo viés abstrato da palavra. Quando sinto-me feliz, há bem mais do que cinco letras dentro de mim, há sensação; há um canto que é mudo. Se digo felicidade, haverão de interpretar o que sinto, não enxergar.
Quis hoje gritar minha tristeza, pela miudeza (moral) desse mundo, mas só os indignados entender-me-iam. Quisera eu dar as palavras as asas que elas não tem!(como fazem os poetas) Ao invés disso, dei um sopro. Do meu ar saía o que insistia em ficar dentro, mudo e escondido - como criança em pique-esconde. Meu sopro inicial denúnciara qualquer segredo meu: os que vieram doravante só os confirmaram. A ave quando canta nada diz, mas seu canto amplifica sua alma: ouve-se, lá no interior, os múrmurios da essência. A música é isso: Alma. A música boa é isso! Um canto verdadeiro de pássaro. Minha vontade era dizer qualquer coisa que me livrasse do peso da mudez. O silêncio tem corpo pesado e difícil de carregar. Peguei-a no estojo: minha gaita. Meu sopro lançou a nota desencadeadora. O silêncio em mim deu lugar a minha exposição. Improvisei um blues qualquer, que era meu grito, minha resposta a miudez desse mundo e as asas que pude dar à minha expressão.


Dorothy.

P.s: O espantalho me disse ter tido um belo pensamento num dia desses, mas, ao tentar externá-lo, ficou mudo de esquecimento.
É... acontece!
P.s.s: Mudei a imagem do topo: resolvi ser mais narcisista, por enquanto! (tanto essa do post, quanto aquela, são atos divinos da mão do artista Lese Pierre)

Follow the Yellow Brick Abbey Road

segunda-feira, 19 de maio de 2008

20 de Maio -- Primeira Anotação: Através do Espelho

Hoje de manhã acordei e percebi que era, em essência, a mesma que ontem a noite se deitou para dormir. Mas ao mesmo tempo -- ou passado um tempo -- eu já era uma outra. E meu dia se seguiu como se para cada instante eu tivesse quer ser uma garota diferente de mim e, ao mesmo tempo, igual. Percebi que minha essência é cheia de facetas, e todas elas compõem o que sou. Como as obras dum escultor que são, superficialmente, diferentes, mas que contudo emanam de um mesmo ser.

Percebi hoje que me deixei ser tão simples que acabei me tornando complicada: minha natureza trivial precede a razão. Tentei ser tão eu -- na verdade não tentei porque imitar a si acaba por te excluir da própria essência, enfim: o que sou é tão no fundo que minha mão não me alcança.

Dorothy.

P.s : Preciso comprar ração para o Totó, pra ver se ele para de comer o meu sapatinho encarnado.

P.s.s : Essa ai em cima é a Alice pronta para atravessar o espelho. Escolhi uma ilustração do
Bill Sienkiewics para o cabeçalho do perfil, mas amanhã pode ser que eu escolha outra porque talvez eu já não seja tão a mesma que sou agora.