terça-feira, 1 de julho de 2008

Sopro

Há, numa parte da essência que me compõe, algo que não pode ser dito pelo viés abstrato da palavra. Quando sinto-me feliz, há bem mais do que cinco letras dentro de mim, há sensação; há um canto que é mudo. Se digo felicidade, haverão de interpretar o que sinto, não enxergar.
Quis hoje gritar minha tristeza, pela miudeza (moral) desse mundo, mas só os indignados entender-me-iam. Quisera eu dar as palavras as asas que elas não tem!(como fazem os poetas) Ao invés disso, dei um sopro. Do meu ar saía o que insistia em ficar dentro, mudo e escondido - como criança em pique-esconde. Meu sopro inicial denúnciara qualquer segredo meu: os que vieram doravante só os confirmaram. A ave quando canta nada diz, mas seu canto amplifica sua alma: ouve-se, lá no interior, os múrmurios da essência. A música é isso: Alma. A música boa é isso! Um canto verdadeiro de pássaro. Minha vontade era dizer qualquer coisa que me livrasse do peso da mudez. O silêncio tem corpo pesado e difícil de carregar. Peguei-a no estojo: minha gaita. Meu sopro lançou a nota desencadeadora. O silêncio em mim deu lugar a minha exposição. Improvisei um blues qualquer, que era meu grito, minha resposta a miudez desse mundo e as asas que pude dar à minha expressão.


Dorothy.

P.s: O espantalho me disse ter tido um belo pensamento num dia desses, mas, ao tentar externá-lo, ficou mudo de esquecimento.
É... acontece!
P.s.s: Mudei a imagem do topo: resolvi ser mais narcisista, por enquanto! (tanto essa do post, quanto aquela, são atos divinos da mão do artista Lese Pierre)

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